quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Flerte

Foto de Alberto Santos, 08/2004
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Eu o vi de relance e olhei novamente... Estávamos num festival de música duma cidadezinha no interior do Rio de Janeiro. Lembro que eu tomava um vinho 'bagaceira' nessa hora.
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Era o show de um artista meio brega, desses que você tem vergonha de contar que viu ao vivo... quando olhei novamente, vi que seu olhar encontrava-se com o meu...
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Eu deveria parar, mas estava adorando 'levar flechadas daquele olhar'... e continuei olhando... agora não só olhava como também sorria para o dono daqueles olhos castanhos...
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Acabou o show. Eu e minhas amigas dirigimo-nos até o toillet mais próximo. Fi-lo seguir-me... creio que meu olhar também despertara seu interesse e confirmei-o mais tarde durante nossa conversa.
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Continuei a observá-lo na fila... e ele a mim. É incrível como podemos dizer tanto sem falar palavra alguma... seus olhos diziam inúmeras coisas aos meus... coisas que só os olhos podem dizer... coisas que não são passíveis de descrição e que só os olhos compreendem... Vai entender! rs
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Seguiu-me depois, até tomar coragem de falar-me. Apresentou-se a mim e às minhas amigas. Parecia 'safo' demais, no entanto, havia certo indício de insegurança em suas palavras, mas isso ele disfarçava bem... creio que só eu o percebi.
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Trouxe outros consigo, para que ninguém se sentisse solitária. Conversávamos sobre tudo e sobre nada... eram trivialidades apenas... mas a companhia dele estava tão boa... o assunto rendia mesmo que não fosse do nosso interesse...
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E falávamos... beijávamos, e não mais falávamos... parecia que eu já o conhecia profundamente... o tempo havia estacionado, o frio de 3ºC já tinha se tornado calor enquanto estava envolta naqueles braços. A música agora era lenta, não por que ela assim o fosse, mas por que essa ficou sendo a lembrança daqueles instantes. O céu estava cheio de estrelas...
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Era um alguém exótico, diferente dos outros, difícil de rotular... talvez por isso a música de fundo na minha memória seja diferente da que tocava de fato no dia... talvez por isso eu tenha gostado tanto. Era um pequeno flerte no meu feriadão de Corpus Cristi, a novidade pra 'cerva' de fim-de-semana com as amigas, minha pequena válvula de escape da rotina...
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... Era um alguém que eu nunca mais veria...
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(...)
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E a música cessou, o festival acabou, o frio voltou, o ônibus demorou ... mas a volta para casa foi tão doce quanto a 'sangria' que tomava no começo da noite ...


...
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É... com as devidas ressalvas, essa é uma página do meu diário, editada claro, pra que ninguém se sentisse exposto e nem eu fosse processsada! Como a última postagem foi sobre beijo, nada melhor que escrever sobre um flerte.
Esse texto foi escrito originalmente em 12/06/07 e modificado hj, dia 10/01/08.
rs