quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Ressaca


Ela acordou. Não sabia ao certo se cedo ou tarde. Tinha a boca seca, muito seca e mesmo salivando muito não conseguia matar sua sede... precisava de um copo d'água urgentemente.




Levantou-se! Ao caminhar até a cozinha, notou os vestígios da véspera... não tinha tempo para isso, a sede fez com que fosse até o outro cômodo sem pensar na cena com que havia se deparado.




Bebeu do líquido como se ele fosse o mais precioso do universo... como era boa aquela água!Sentiu uma pontada na cabeça, enquanto caminhava pela casa... talvez fossem as lembranças fazendo força p'ra chegar.




Ela passou pela sala e viu suas sandálias... estavam arrebentadas de tanto dançarem. No quarto, viu as roupas esparramadas pelo chão... ainda bem que não trabalharia hoje, por que precisava "limpar aquela bagunça".




Pegou no vestido. Notou uma mancha púrpura no traje tão belo... "Será que isso saí?", pensou ela. Enquanto isso, os flashes da noite passada começavam a brotar naquela cabeça confusa.




A cada passo que dava, cada objeto que pegava, sentia uma nova pontada... sim, eram os momentos vividos sendo novamente reproduzidos, ainda que recortados pela ótica ébria da dona das lembranças.




A boca pedia mais água... a boca fazia mais água! Sentia-se mal e lembrava... aí, sentia-se pior ainda... "como podia ser tão burra, como podia ter-se deixado levar tão longe?!". "Dançar numa mesa de bar?!"




De um salto corre atônita para o banheiro. É que o mal da noite anterior já subia pela goela e precisava ser expurgado no lugar certo, para não causar-lhe ainda mais transtorno... "Vinho barato dá nisso!!", praguejava ela mentalmente.




Agora doía-lhe a cabeça e o estômago. Na boca, um gosto ácido.No rosto refletido no espelho, a vergonha... e as cenas?! Que inferno eram as cenas voltando... era tudo tão ridículo! "Ficar justamente com aquele sujeito?!" (...)




Chorou! Chorou defronte ao espelho, procurando seu melhor ângulo... Não havia ângulo bom naquela história. Chorou mais ainda! Agora vinha uma dor no peito, uma angústia, vontade de gritar...




Não tinha quem a acudisse, não tinha quem a apoiasse, não tinha quem a amasse... estava sozinha num banheiro frio e já sentada no chão, encolhida, sofrida... Lembrou-se da sua condição de moça solteira, vivendo sozinha na cidade grande. Ela não tinha platéia nesse momento... Ela era só! Ela se garantia sendo só.




E pensando dessa forma, levantou-se, lavou o rosto, a boca, olhou-se no espelho e prendeu o cabelo. Pegou um analgésico p'ra aplacar a dor insuportável que era agora constante. Engoliu em seco o comprimido. Pôs-se então a fazer as tarefas domésticas e a limpar a sujeira. "O trabalho braçal enobrece o homem e ajuda a esquecer a noite passada", pensava ela...




E repetindo isso como um mantra, foi-se esquecendo, esquecendo, apagando e apagando... até não lembrar de mais nada!




...




Esse texto foi escrito de súbito na madrugada de ontem pra hj... era minha vontade de escrever ressurgindo das cinzas... rs


Tive que reescrever o fim, pq a inspiração a essa hr já não era tão plena, faltou o 'furor poético' logo no finalzinho... talvez esse tenha ficado melhor. Prometo q um dia escrevo novamente essa parte (pq eu ainda não achei uma forma de escrever um fim decente pra esse texto)... enfim.


(É, o texto tem um 'q' de auto-biográfico sim, antes que me perguntem)


rsrsrs

15 comentários:

Anônimo disse...

boa crônica, você escreve bem mesmo!

Rackel disse...

Obrigada!
^^
Espero q a 'inspiração' dure!
rs

Vivian Lage de Oliveira disse...

Peraí... se é auto biografico, qnd foi q vc dançou numa mesa d bar?? não creio q perdi a cena!! rs
Bjooo

Rackel disse...

Vivian, eu disse: 'esse texto tem um q de auto-biografico'...

não é todo auto-biografico, senão não teria graça! rs
... nem seria literatura... rs

Anônimo disse...

vc dançando na mesa do bar teria mta graça ao meu ver...

Isso tá com cara de ressaca pós Lapa, se bem q se não tivesse o vinho barato, eu iria jurar q era da Mariuzinn. hahaha

whatever!!!

p.s.: tá bem escrito! gosteii

Rackel disse...

Nem foi... escrevi esse texto na madruga de ontem pra hj - e ontem eu não saí...

rs

obrigada!

Unknown disse...

Pensei que o "q de autobiográfico" era só p disfarçar e q fosse de todo autobiográfico.. =D

Tá legalzinho, n gostei da última linha..

bj amiga virtual

Rackel disse...

Não... é só o 'q' de auto-biográfico mesmo... não se enganem, eu posso parecer uma bebada devassae idiota, mas não sou uma!

Essa daí é um 'eu-lírico'... não confundam literatura e realidade, ok?!

Ah... obrigada pelo elogio!
rs

Anônimo disse...

Oi, Rackel.
É a Michelle.
Legal a idéia do BLOG. Gostei bastante. Parabéns!
Tb fiz um da UOL,mas nunca mais atualizei. hehehe
Vê lá: www.michellekaplan.blog.uol.com.br

Eu acho q vou fazer um novo BLOG. O do UOL é caidinho.

Bjos e saudades

Rackel disse...

Bem Mi, deixarei seu link aqui... quando fizeres um novo blog, me avisa pra eu comenta-lo tb!!!

Q bom q vc gostou!
rs

bjokx

Anônimo disse...

Realmente, nem precisava avisar q tinha esse q aí... dá pra notar ;)

realmente "vinho barato dá nisso"...

Achei foda!!! meio triste pro meu gosto, mas foda...

Beijão mané!!!

Rackel disse...

hauhuauha
Avisei pra evitar ter q responder 'sim, é baseado em várias histórias de bebedeiras'...

É triste sim, mas desde quando dor de cabeça e vomitos são coisas alegres?! Eu tinha q escrever mesmo um texto triste... posso ter feito desses fatores um texto poético, mas tinha que ser triste tb.

obrigada pelo elogio!
hehehehe

bjão, Rafa

José Roldão disse...

Oi, Raquel

Pelo visto já descobriu como adicionar os blogs numa lista.

Obrigado por adicionar os meus!
O seu está na minha lista tb.

Tenho vindo aqui frequentemnte e tenho gostado!

Bons Ventos!

Unknown disse...

É muito primorosa escrevendo contos... gostei muito, minha capacidade de plasmar determinadas realidades que se estabelecem em boas escritas, se satisfizeram plenamente quando li "Ressaca"... o "público" agradece...

Rackel disse...

Obrigada mais um vez, fofo!
rs