quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Caro Richard

É verdade, eu quase nunca ouço minha secretária eletrônica. Mas hoje, quando cheguei, estava ela lá piscando incessantemente, quase que pedindo que eu a apertasse. Não fosse por ela, não ouviria teu recado, Richard. Somos iguais com relação ao olho no olho, e por isso recebes esta carta.

Sabe, acho engraçado você citar meu analista. Não fosse por você, eu não o teria...É fácil culpar os outros quando na verdade, no nosso caso, não há culpados. Você me culpa por querer adiar momentos, por transformar em indefinível o que já foi concreto... Aposto até que me culpas pela sua tristeza, visto que ela só aflora quando conversamos, não é mesmo?
Não estou querendo culpar-te nesta parte, mas se temos algo sem objetivo, não foi por opção minha. É como se estivéssemos a deriva, boiando... se não nadarmos a probabilidade de chegarmos na mesma praia é cada vez mais obsoleta. Talvez por isso nossas conversas não cheguem ao objetivo que você deseja. Talvez não exista mais eu e você, visto o abismo que nos mantêm distantes.
Quando o barco estava naufragando fiquei aqui sozinha e não aguentei o tranco. Agora que ele está em profundas águas você relamente acredita que pode salvá-lo? Se eu fizesse algo, tomasse alguma medida, como você gostaria que eu fizesse, retiraria os escombros do que restou da gente da profundeza do oceano?
Realmente Richard, é difícil subir à superfície depois de mergulhar em águas tão profundas...


Para entender melhor essa postagem visite:http://oextremoocidente.blogspot.com/2009/06/um-recado.html

3 comentários:

Rackel disse...

É raro eu ver um filme, depois de alguns anos ver a continuação, e gostar do nº2 mais do que gostei do nº1.
É raro, mas acontece!

Nesse caso: vc está de parabéns!

bjs

Martoka disse...

Esse seu texto é uma coisa! Li e reli várias vezes...A verdade é que você me inspira! Parabéns!

Martoka disse...
Este comentário foi removido pelo autor.